terça-feira, 10 de julho de 2012

Ode to a worm


Hoje decidi rever um dos meus filmes favoritos do Sir Chaplin, Limelight (1952). É, realmente, uma maravilhosa história. A cena que vos apresento em baixo, é, para além de uma das minhas predilectas, a razão pela qual eu tanto o admiro. 
Chaplin apresenta a nobreza de se ser um palhaço, de se viver para ver os outros rir e, inevitavelmente, de se viver com medo de não fazer rir. O terror de uma plateia vazia ou do silêncio depois de se ter dado tudo por tudo num número pensado até ao pormenor ou então, até num número improvisado na hora. Com os velhos truques do palhaço que Chaplin tinha dentro dele, é aqui que conhecemos Mr. Calvero, um artista, que perdeu o rumo e o seu nome, que ajuda uma jovem bailarina perdida nas amarguras do passado. Reparem bem na dramatização que Chaplin consegue dar às suas palavras com apenas um olhar, e depois, com apenas um sorriso devolve ao seu diálogo a leveza da mais simples comédia. 
É com extrema inteligência e simplicidade que Chaplin faz a Ode a uma minhoca, um animal típico da Primavera que ninguém colocaria num soneto, ainda para mais a sorrir para o Sol. 
Aqui e ali, penso ver vestígios da própria vida de Charlie Chaplin e a sua forma de pensar neste Calvero, seja pela forma como este fala da licença poética que lhe permite dizer coisas sem sentido e com elas fazer a plateia rir ou com as subtilezas do diálogo no que diz respeito à condição humana. Exemplo disso é o excerto que aqui apresento:
"Bailarina - "I like you. You're sensitive, you feel things." 
Mr. Calvero - "Don't encourage me." 
Bailarina - "It's true. So few people have the capacity to feel.
 Mr. Calvero - "Or the opportunity."

E, no fim, os aplausos. O sossego e o alívio do artista quando sente que conseguiu comunicar com o seu público. Foi isso que eu sempre senti quando era pequena e via os filmes do Chaplin, uma ligação. Neles encontrei sempre todo o tipo de emoções e ensinamentos para a vida. Charlie Chaplin era um verdadeiro artista, foi com ele que aprendi o que isso significa.


Ode to a Worm - Charlie Chaplin e Claire Bloom (1952)